sábado, 27 de abril de 2013

O homem que sabia javanês - resenha

           O homem que sabia javanês é um conto escrito por Lima Barreto, que narra a história de Castelo, um malandro que, no começo do século XX, finge saber falar javanês para conseguir um emprego e, afinal, fica famoso como um dos únicos tradutores desse idioma. O conto foi publicado pela primeira vez no jornal Gazeta da Tarde do Rio de Janeiro, em 28 de abril de 1911, posteriormente foi incluído na coletânea "O homem que sabia javanês e outros contos". Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro em 1881, onde morreu em 1922.
Castelo encontrou-se com seu amigo Castro e, num bar tomando uns copos de cerveja, contou a ele as malandragens que tivera que fazer para sobreviver. Castelo, era nomeado cônsul, mas, em outros tempos passou por momentos difíceis. Foi quando teve a oportunidade e a astúcia, de ser professor de javanês. Por conta disso é que ganhou o consulado. 
Quando chegou ao Rio de janeiro, estava literalmente na miséria. Vivia de pensão em pensão, sem saber como ganhar dinheiro, foi quando leu um anúncio no jornal dizendo que precisavam de um professor de javanês para traduzir livros cartas. Percebendo que estava ali uma colocação que não teria muitos concorrentes, decidiu aprender umas quatro palavras e apresentar-se.
Na Biblioteca Nacional, descobriu que Java era uma grande ilha do arquipélago de Sonda, colônia holandesa, e o javanês, língua do grupo malaio-polinésio, possuía uma literatura escrita em caracteres derivados do velho alfabeto hindu. Então, ele copiou o alfabeto, a sua pronunciação e saiu pelas ruas memorizando hieróglifos e escrevendo-os na areia para se habituar a escrevê-los.
Castelo voltou a procurar o anúncio e redigiu uma carta e deixou no Jornal. Em dois dias, recebeu uma carta para ir falar com o Doutor Manuel Feliciano Soares Albernaz, Barão de Jacuecanga. Diante do ancião, Castelo se apresentou como o professor de javanês de que ele precisava. O velho quis saber onde tinha aprendido o javanês. Aquele não contava com essa pergunta, mas imediatamente inventou uma mentira. Contou-lhe que seu pai era javanês, que viera à Bahia como tripulante de um navio mercante, estabelecera-se em Canavieiras como pescador e se casara com sua mãe. Convencido, o Barão disse que queria cumprir um juramento de família. Ao morrer seu avô deu o livro pro seu pai, que lhe deu para guardá-lo e um dia entendê-lo, para a sua raça ser sempre feliz.
O velho Barão explicou que perdera todos os filhos, sobrinhos, só lhe restando uma filha casada, cuja prole, estava reduzida a um filho débil de corpo e de saúde frágil. Diante de tanto desterro, lembrou-se do livro esquecido e das palavras do seu avô repetidas pelo seu pai no leito de morte. O livro era um velho calhamaço encadernado em couro, impresso em grandes letras, em um papel amarelado e grosso. Tinha umas páginas de prefácio, escritas em inglês, onde estava escrito que se tratava das histórias do príncipe Kulanga, escritor javanês de muito mérito.
A filha e o genro vieram a ter notícias do estudo do velho, mas não se incomodaram, até julgaram que seria uma coisa boa para distraí-lo. O marido da filha do barão era desembargador, homem relacionado e poderoso que nutriu grande admiração pelo professor de javanês. Por sua vez, o barão estava contentíssimo. Ao fim de dois meses, desistira da aprendizagem e pedira-lhe para traduzir, um dia sim outro não, um trecho do livro encantado. 
O barão convidou Castelo para morar em sua casa e o encheu de presentes, além de aumentar o seu ordenado.  Contribuiu para isso o fato de o velho vir a receber uma herança de um seu parente que vivia em Portugal. O bom velho atribuiu a coisa ao javanês. 
Castelo passou a ter, enfim, uma vida boa. O seu temor de ser descoberto foi grande quando o barão o mandou com uma carta ao Visconde de Caruru, para que lhe fizesse entrar na diplomacia. O visconde o mandou para a Secretaria dos Estrangeiros com diversas recomendações. O diretor chamou os chefes de seção e apresentou-lhe como um homem que sabia javanês. O velhaco foi à presença do ministro que o nomeou adido ao seu ministério e o designou para representar o Brasil em Bále, no congresso de Linguística.
O velho barão, antes de morrer, passou o livro ao genro para que o fizesse chegar ao seu neto quando tivesse a idade conveniente, também incluiu Castelo no seu testamento. A convite da redação, Castelo escreveu um artigo sobre a literatura javanesa antiga e moderna no Jornal do Comércio.
Certa vez a polícia prendeu um marujo que só falava em língua esquisita. Chamaram diversos intérpretes, ninguém o entendia. Castelo também foi chamado, demorou a ir, e quando chegou lá o homem já estava solto, graças à intervenção do cônsul holandês, a quem ele se fez compreender com meia dúzia de palavras holandesas. Deu muita sorte porque o tal marujo era javanês.
Castelo se tornou cônsul em Havana, onde aperfeiçoou seus estudos nas línguas da Malaia, Melanésia e Polinésia. Castro ficou extasiado com a história de Castelo e, agarrando o copo de cerveja tomou um longo gole e disse brincando ao amigo que ele poderia ser o que quisesse, até um eminente Bacteriologista, tal era sua esperteza.

LÚCIA HELENA DA ENCARNAÇÃO - Acadêmica de Pedagogia - Unaerp/Guarujá

6 comentários:

  1. EXCELENTE SEU TRABALHO LÚCIA.QUE CONTINUE POR MUITO TEMPO.VOU RECOMENDAR.

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  2. Muito bom! Super recomendo, exemplificou o conto de ponta a ponta, me ajudou bastante !!! Obrigado.

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  3. Muito bom! Super recomendo, exemplificou o conto de ponta a ponta, me ajudou bastante !!! Obrigado.

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