sexta-feira, 12 de abril de 2013

VISTA A MINHA PELE resenha


            Filme dirigido pelo cineasta Joel Zito Araújo e produzido por Casa de Criação/Ceert, 2004, São Paulo.
O autor faz uma releitura da história do Brasil, onde, os brancos seriam os negros e os negros seriam brancos. Em sua versão, o mundo fora explorado e colonizado pelos negros da rica África, e a Europa seria um continente pobre, ele inverte os papéis.
O Brasil, particularmente, teria sido colonizado pelos negros, senhores ricos que escravizavam os brancos capturados na Europa. Então, a história é contada mostrando as injustiças sofridas pelos negros, mas, na pele de pessoas brancas.  
Maria, uma menina branca e pobre, que morava na favela como a maioria dos brancos, estudava em um colégio particular por conta de uma bolsa de estudos que ganhara por sua mãe ser faxineira da escola. Os trabalhos subalternos sempre ficavam para os brancos e pobres.
Na escola Maria era sempre hostilizada pelos seus colegas por causa de sua cor e por sua condição social. Até os professores duvidavam de sua capacidade de aprendizagem.
Maria, mesmo sendo uma das únicas brancas do colégio, teve a pretensão de ser a miss festa junina da escola, embora todo ano quem sempre vencia era a Sueli, uma linda menina negra.
Sueli era a favorita da escola, todos os meninos negros e de boa família queriam ser amigo dela ou seu namorado. Até Maria a admirava, gostava de seus cabelos crespos e a imitava fazendo permanente, e admirava mais ainda a cor da sua pele. Em seu íntimo Maria se maldizia por não ter nascido preta.
A ideia de ser miss não era aceita por seus familiares, seu pai sempre dizia que ela tinha que andar com os pés no chão. Ser miss não era para menina de sua cor. Já sua mãe a apoiava e a incentivava dizendo que deveria lutar pela afirmação de sua raça.
Um colega da menina que também morava na favela e era branco como ela, lhe falava que era besteira estudar, que precisava trabalhar para ajudar a sua família e que ela deveria fazer a mesma coisa, estudar era para rico e negro.
Então, Maria resolveu enfrentar tudo e a todos, não se importando se ia vencer ou não o concurso. Em sua candidatura, apesar de muito preconceito, Maria também recebeu muito apoio, principalmente de sua amiga Luana que era negra e rica, filha de um diplomata, e tinha morado em outros países, conhecendo outras realidades e entendia todas as aflições que Maria passava.
Apesar da resistência e dificuldade na venda dos bilhetes, elas não se intimidaram foram à luta e conseguiram vender todos os carnês. O esforço de Maria para ser “Miss Festa Junina” da escola era muito grande tinha que superar o padrão de beleza imposto pela mídia, em que só o negro era valorizado.
Já Sueli sua oponente, não teve dificuldades nenhuma para vender seus votos, tinha todos os requisitos para ser miss, além de ter um rosto bonito, era negra, alta, magra e muito simpática, todos na escola a admiravam. Ela era perfeita.
Então, chegou o grande dia da contagem de votos para saber quem seria a vencedora e que ficaria com o título tão desejado.
Maria estava apreensiva com o resultado, mas descobriu que no meio dessa luta ela se fortaleceu, mesmo que não ganhasse como “Miss Festa Junina”, mesmo assim sairia vencedora.
A pobre menina branca tomou consciência de sua condição e descobriu que poderia lutar pelos seus objetivos e enfrentar qualquer situação adversa. Que a cor de sua pele não era um obstáculo para conquistar ideais em sua vida.
O filme mostra a discriminação racial e o sofrimento de um povo, branco ou negro, que convive diariamente com o preconceito e descobre que só travando batalhas e buscando seus objetivos, sem medo, poderá mudar essa situação. 

LÚCIA HELENA DA ENCARNAÇÃO - Acadêmica de Pedagogia - Faculdade UNAERP- Guarujá/SP

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